"E todo o medo, o desespero
E a alegria
E a tempestade, a falsidade
A calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar
Também."
E a alegria
E a tempestade, a falsidade
A calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar
Também."
(Sandy)
Imagem: favim.com
Giro rápido no relógio. Passou. Como tudo passa: os dias, os medos, as alegrias. Passagem para um passo novo. 2012? Não. Dois mil e tempos, compassos, sons e possibilidades. Dos sulcos abertos, marcados, sangrados até uma nova esperança, já nasce um menino cheio de uma energia de vida. Brotam rosas, margaridas, girassóis. Floresce o meu peito fatigado encoberto por minhas trêmulas mãos, de lutas travadas em silêncio. Ninguém ouviu, mas permaneceu o tic-tac das esperas não vãs. Volto-me para o Céu, que sorriu-me maternalmente derramando bênçãos no meu jardim. Orvalho de vidas divididas, ofertadas, de amizades doadas e mãos dadas no escuro. O mar está aberto, o longe horizonte só é belo ao navegar. Navego em mim, na vida, na doação diária da Terra em meu favor. Não nego a seiva, mesmo quando ela, amarga, me adentra os poros irrigando-me das dores mais humanas. Assim, vou me dilatando, abrindo espaço porque amar é o que me consome. Sendo território fértil, aproveito o clima de novos votos, e limpo-me, refaço as malas da alma, não quero pesos, desejo passos. E vou. Já no primeiro movimento percebo que deixei cair a velha armadura enferrujada, que já a tempos sufocava o músculo, aquele pulsante como o relógio. Tum. Tum. Tum. Vida! A máscara que encobria a beleza das experiências tatuadas na face rachou-se nas vielas desbravadas, e o olhar baixo que até então me acompanhava - pela necessidade mesma que tem um prisioneiro de fechar os olhos ao ver a luz - reergue-se no meio da multidão, que não apavora, visto que também não atinge a casa onde resolvi morar. Uma casa bonita, onde caibo inteira, acomodada. Onde encosto minha cabeça no travesseiro, fecho os olhos, e posso ouvir calmamente em mim: Tic. Tum. Tac. Tum...
Por Rafaelle Melo.
* Inspirado na Música "Oração do Tempo" de Caetano Veloso.
... O que dizer?
ResponderExcluirSinto o tic tum tac tum a cada palavra..
Eu me senti impressa e transcrita neste post.
é bom ver teu Blog pulsar diante dos meus olhos.
é vida.
Amo-te
Mais um belo texto para encantar esse seu leitor fiel... Minha frase predileta está eleita e é essa segue: 'porque amar é o que me consome'. Vejo vc toda descrita nela! Linda a sua poesia, linda vc inteira dentro e fora. Parabéns!
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