quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Esparr amando-se








Sem vontade alguma de negar e mergulhada em uma alegria escaldante, sorria. De si mesma e da bobagem de revisitar antigos contos de criança fada. Não bobagem de desperdício. Vivia sua descoberta e era por puro prazer que vivia. Encontrava o eco de seus desejos nas palavras daquele que viera de alguma parte do universo analógico ou digital, mas o importante é que chegara, trazendo sinceridades em um buquê fresco e colorido, desenhado em sua circunferência por um delicado invólucro de detalhes brancos. E o céu como espelho refletia o furta cor da oferta que se repetia ao passar dos dias, que mais pareciam anos, uma eternidade e só o início. Numa áurea envolta de bem estar, estavam. E iam permanecendo... Há, sobretudo, um mistério instigante, que para o coração de mulher trazia também receio. Era o medo do que era demais e que, por Deus, não podia esfacelar. Por isso ela cuidava, preservava-se como podia do êxtase que ele lhe causara. Ela sabia que estava mergulhando fundo, e gostava da sensação. Fechava a janela da retina e ia visitar campos floridos, mãos dadas, sorrisos... Via mais. Via verdade de um sentimento partilhado, sem arames farpados, sem meias palavras. Ansiava o encontro daquilo que já existia em um segredo mal velado, como se por um segundo, em avalanche, os sentimentos negassem-se o silêncio e esparramassem, para depois calar resguardando-se. Faltando palavras e sobrando vontade de dizer-se. E o tempo? Correndo no seu tempo, ritmado, possibilitando toda espera, todo querer... Aliado e diálogo comum, aos dois seres que já não negam que algo neles, tão deles, se encontrou. E não será mais igual.
Por  Rafaelle Melo.

8 comentários:

  1. Teu texto inaugura em mim a espera.
    Beija-flor, ensina-me a modelar as rosas e ter a leveza das pétalas?

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  2. Pipa e Rafinha: dois tesouros do amor da palavra, pulsando no ar, renascendo-se. Lindas

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  3. Ah Rafinha, sorri com esse teu renascimento, esse texto inaugura sua nova fase. a do coração.

    Beijos!!

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  4. Que lindo amiga! Muito bom ler isso...

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  5. Sabe quando vou ler esse texto por completo?
    Quando eu ver irradiar dos teus olhos a alegria, por que são deles que te gosto de te ler. :)

    é encantador a maneira como você expõe nesse blog o teu renascer, como disseram aqui, tua palavra pulsa, é um porto onde quero parar diversas vezes só para contemplar.
    Como daquela vez em que ficamos por um bom tempo olhando o mar e nos encontrando em palavras que muitas vezes nem nós mesmas entendemos. rs

    Alma, seguro tua mão agora levemente, só pra te ver dançar, só pra te ver sorrir.

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  6. Só para destacar algo que mexeu comigo:

    "aos dois seres que já não negam que algo neles, tão deles, se encontrou. E não será mais igual."

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  7. Fantástico e brilhante!

    Viva ao amor...viva o amor! =)

    Beijos

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