segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

2014.


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E eu que nunca fui muito adepta a planos para o ano que virá, precisei me reinventar. Mas nada de planos grandiosos daqueles que se projeta fora da carne. Depois de me dilacerar, me debater e gritar, eu encarnei. É encarnada que adentrarei 2014. Munida da minha mais bela alegria: a de ser quem sou. E isso nada tem a ver com me descobrir alguém ideal. O fato é que nunca estive tão longe dos meus conceitos de ser alguém, nunca estive tão perto de mim mesma.

Chego a achar um tanto mais do mesmo pensar que algo muda porque convencionou-se que ao final de 31 de dezembro tem-se um novo ciclo aberto, chego a achar banal pensar assim, mas quem nunca precisou de um empurrão de esperança que atire a primeira pedra. Eu precisei, violentamente meu interior desejava pelo novo. Novo tempo: Não há nada de mágico nisso, as circunstâncias permanecem tão iguais, mas sinto-me repleta: um novo sorriso, um novo olhar, a velha alma revigorada. Este ano chegou com a capacidade rara de me devolver. Sim, porque são muitas as situações que nos roubam. Depois de me saquearem em tudo que me era caro (e eu também havia me furtado muitas coisas, as perdas que mais doíam), olhando-me nua de tudo que eu tinha pra chamar de meu, eu pude perceber que há um tesouro, que comumente chamamos de integridade, tesouro este que só percebemos de verdade quando munidos de profunda humildade e de genuíno amor-próprio.

Não há segredos, não há metas, não há formulas. Padecemos porque queremos nomes, definições, porquês. Eu padeci, com tantos medos que causam arrepio de lembrar, mas eu renasci. Reencontrei o sentido quando parei de buscar fora de mim o que estava dentro, quando parei de menosprezar meu coração na ânsia de acertar. Livre-me enfim da opressão, da minha própria pressão, do nó da garganta sem ar. Eu me permiti. Após chegar e passar todos os limites, encontrei um novo lugar.

Desses dias que seguirão eu não espero muito, nem de mim – pois não desejo frustrar-me – o que desejo é simples e é tudo: um dia de cada vez para olhar pra dentro de mim e encontrar O Sentido, e assim viver o que vier.

Rafaelle Melo.




3 comentários:

  1. Irmã, é visitá-la e reviver aquela sensação antiga de ternurinhas.
    Teu coração está tão pleno. Meu beija-flor. Só porque é Janeiro....

    Receba meu abraço tropical, quente, aceso!

    E, sobre os renascimentos... Bem sabes. O coração é sempre capaz de verão.

    Sua, para sempre, Pipa.

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  2. "Eu não preciso! Porque precisar é tão resumido, tão breve. Eu dilato, estendo as minhas mãos a amplitude. E ao que me eterniza. Contemplo."

    Fiquei sem ar. Fiquei estremecida com sua vivacidade neste texto.. por isso não usarei muitas palavras neste comentário. Apenas termino assim:

    "Pelas plantas dos pés subia um estremecimento de medo, o sussurro de que a terra poderia aprofundar-se.E de dentro erguiam-se certas borboletas batendo asas por todo o corpo".

    Clarice Lispector


    Viva e surpreenda-se.

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    1. Comentário seu com direito a Lispetor é uma honra, amiga!
      Saiba que estremeci aqui também.
      Amo-te!

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