Gosto do vento como gosto de músicaE a cada toque, agudo ou grave,
Sinto liberdade de uma criança que se aproxima
lentamente, e é levada no colo.
Vento, traz e leva, leva e traz, eu fico...
Fico a imaginar o que foi que ele levou, porque eu fiquei,
balancei como um coqueiro alto, em estado de reverência,
E prostrei-me de encanto pelo dom de aqui estar
Quis sorrir, recuei-me,
mas o vento enfim trouxe a alegria engasgada na garganta, presa em definições.
A melodia permaneceu nos pássaros ostentados
da possível liberdade que os deram de não serem livres.
Fadados a um canto sempre alegre,
Mas os pássaros são mais sábios,
não param de cantar por não serem ouvidos.
Eles cantam por essência.
E meu canto é desacostumado a letras e obrigações.
Eles só sabem que cantam e o porquê já lhes é demais,
e eu aprendi que sou livre, inclusive de definições quanto à liberdade.
Por que minha fome não é de liberdade, é de vida.
E enquanto vivo, só quero liberdade se for despercebida,
como o vento que bagunça meus cabelos.
Por Bruna Fávaro e Rafaelle Melo.
Esse texto foi escrito em 25/02/2011, ao ar livre, com violão no colo, acordes soltos e mãos dadas. Ele já havia sido publicado em outro blog que tive, mas devido ao seu valor e intensidade resolvi re-postá-lo aqui.
O vento nos convidando naquela tarde para um encontro que jamais será esquecido, até hoje rende belos frutos de uma amizade divinal. Amo essas linhas porque a nossa alma está inteiramente impressa nelas.
ResponderExcluirAmo-te, alma!
Impossível ler um poema que fale tanto do vento e não lembrar da Pipa, que voa no ar.
ResponderExcluirTens razão, Léo! A menina-mulher dos Ventos sempre nos inspira. Saudades daquelas conversas a três e dos passeios em parques de doces e poesias que fazíamos!
ExcluirSempre bom te ver por aqui!
Um beijo doce pra ti!
Gostei da parte que menciona: "Mas os pássaros são mais sábios,
Excluirnão param de cantar por não serem ouvidos.
Eles cantam por essência".